segunda-feira, 28 de maio de 2012

Favelas Cariocas


Complexo do Alemão (abrange os bairros da Penha, Inhaúma, Bonsucesso, Ramos e Olaria):
Considerada hoje uma das maiores e mais populosas favelas do Rio, o Complexo do Alemão era uma enorme fazenda até o final dos anos 40. Seu primeiro proprietário foi um imigrante de origem polonesa, muito alto, branco e de fala enrolada. Por causa da sua aparência, os moradores da região passaram a se referir ao dono daquelas terras como "alemão".O terreno do "alemão" aos poucos foi sendo vendido para famílias que procuravam moradia barata na Zona Norte. Houve um grande fluxo de migrantes nordestinos para o Alemão nos anos 60. A explosão demográfica, no entanto, só ocorreu na década de 80, quando o então governador Leonel Brizola autorizou as invasões e a favela se multiplicou.
Favela da Grota
A comunidade ganhou esse nome pela localização geográfica. Cercada pelos 12 morros que fazem parte do Complexo do Alemão, a Grota fica numa depressão entre a Favela do Alemão e a Comunidade Alvorada.
Morro da Fé (Vila da Penha)
A comunidade cresceu ao redor de uma antiga pedreira a partir dos anos 40, mas só na década de 70 ganhou seu nome definitivo. Foi nessa época que a favela enfrentou a ameaça de remoção mais grave de sua história. A Prefeitura do Rio acusava os moradores de serem posseiros e já havia marcado data para derrubar os barracos. Fundador da associação de moradores local e liderança comunitária importante na região, o religioso Seu Brás invocou a fé da população como pretexto de que esta seria a única forma deles permanecerem no local. Quando a Prefeitura finalmente cedeu, os moradores não tiveram dúvida: batizaram a comunidade como Morro da Fé.
Final Feliz (Anchieta)
Antes de se chamar Final Feliz, a favela foi batizada com o insólito nome de Morro do Chifrudo, no final dos anos 60 e início dos 70. Segundo os moradores mais antigos, o nome surgiu a partir de uma história de adultério coletivo. Na época, algumas mulheres da comunidade aproveitavam que seus maridos saíam cedo para trabalhar e convidavam homens de fora da favela para aproveitar as tardes de verão em seus barracos. Mas a fofoca logo se espalhou. Os maridos traídos não fizeram por menos e decidiram se vingar aplicando surras homéricas nas esposas em plena rua principal. Este local ficou conhecido como Rua do Pau Rolou. Já a troca para Final Feliz ocorreu no momento em que as adúlteras foram expulsas da comunidade.Para que a mudança de ares fosse completa, a tal Rua do Pau Rolou também precisava ser rebatizada. Hoje se chama Rua Severino de Oliveira, em homenagem a um antigo morador, que, ao morrer, deixou como herança sua casa para a construção da atual sede da Assembléia de Deus.
Jacarezinho (Jacaré)A comunidade foi batizada com a versão diminutiva do nome do rio que nasce no maciço da Tijuca e atravessa os bairros do Jacaré, Méier, Engenho Novo e Triagem. Nos anos 40, o Rio Jacaré foi aterrado e canalizado para a construção da Avenida Brasil. Ele desemboca na Baía de Guanabara pelo Canal do Cunha.O nome nada tem a ver com o animal. A origem etimológica do termo vem de "yacarè", "o que é torto, sinuoso", uma alusão às voltas que o rio dá.
Complexo da Maré (Ramos)Morro do Timbau
O nome Timbau vem do tupi-guarani "thybau", "entre as águas". Toda a região onde hoje existem as comunidades que formam o Complexo da Maré ficava num grande terreno pantanoso - a ponta do thybau era uma das únicas localidades em terra firme.A ocupação da Maré começou com a chegada de Dona Orosina Vieira à ponta do Timbau ainda nos anos 40. Ela se apaixonou pelo lugar num passeio de fim de semana e, contrariando o próprio marido, construiu ali o primeiro barraco de toda região. Dona Orosina levantou a casa usando a madeira que a maré trazia da Baía de Guanabara. Ela morou no Timbau durante toda a vida e acabou se transformando num dos personagens mais representativos da história da comunidade. Chegou a ser recebida pelo presidente Getúlio Vargas no Palácio do Catete quando o governo federal cogitou destruir a favela e remover seus moradores. A primeira Associação de Moradores da Maré foi criada no Morro do Timbau em 1954 - foi também a terceira em todo o Rio de Janeiro.Baixa do Sapateiro
A Baixa do Sapateiro formou-se a partir de um pequeno grupo de barracos construídos sobre palafitas no fim da década de 40. Não há consenso sobre a origem do nome. Alguns moradores acreditam que a área hoje ocupada pela comunidade teria sido de propriedade de um morador de Bonsucesso, que mantinha como zelador um português que também trabalhava como sapateiro.Para outros, o nome nasceu de um jargão policial da época. Por ser um local com alto índice de criminalidade - e como seus moradores eram em sua maioria migrantes nordestinos ("baianos" na gíria) - o nome "Baixa do Sapateiro" seria uma alusão à região homônima da cidade de Salvador, conhecida como bastante violenta.Parque da Maré
Os primeiros barracos do Parque da Maré - espécie de prolongamento da Baixa do Sapateiro - foram construídos, nos anos 50, a partir dos mangues existentes no final da Rua Flávia Farnese. Na década de 60, ocorreu uma grande expansão da comunidade em direção à Baía da Guanabara. O nome Maré tem origem no fenômeno natural que causava grande sofrimento aos moradores da localidade, a maioria vivendo sobre palafitas. Segundo os mais antigos, a maré cheia trazia cobras, ratos e muita lama.Nova Holanda
Os moradores da favela Nova Holanda vieram removidos de outras comunidades do Rio, como o Morro da Praia do Pinto, o Morro da Formiga, a Favela do Esqueleto. O lugar recebeu também famílias desabrigadas que viviam às margens do Rio Faria-Timbó. Na época, o programa de remoção do Governo do Estado se chamava "Projeto Holanda". Segundo moradores, a origem e inspiração do nome foram as habitações de Amsterdã construídas perto de canais, uma evolução utópica das antigas casas sobre palafitas da Maré.Os primeiros barracos da Nova Holanda foram construídos, provisoriamente, a partir do aterro de uma grande área no final da Rua Teixeira Ribeiro, tomada da Baía de Guanabara. O que era para ser transitório ficou definitivo. Anos depois, os próprios moradores fizeram as primeiras reformas nas casas construídas pela Prefeitura.
Projeto Rio - Vila do João, Vila do Pinheiro, Kinder Ovo e Salsa e Merengue
O Projeto Rio foi a primeira grande intervenção do Governo Federal na Maré. O objetivo era acabar com as moradias construídas precariamente sobre palafitas e transferir os moradores para casas pré-fabricadas construídas sobre aterros na Baía de Guanabara.
Vila do João
A primeira fase do Projeto Rio foi iniciada em 1982 e logo gerou grande controvérsia porque o governo se limitou a erradicar as áreas alagadas. Segundo levantamento inicial, nesta época um terço dos habitantes da Maré morava sobre palafitas, principalmente nas comunidades da Baixa do Sapateiro e Parque da Maré. Depois de muita polêmica, os moradores começaram a ser transferidos para o primeiro conjunto habitacional do Projeto Rio, batizado de Vila do João em homenagem ao então Presidente da República, João Baptista Figueiredo. As casas coloridas que caracterizam a Vila do João foram inauguradas em plena campanha para o Governo do Estado.A comunidade já foi chamada também de Malvinas e Inferno Colorido. Apesar da violência ainda ser um problema para os moradores, os apelidos caíram em desuso.Vila do Pinheiro
A segunda fase do Projeto Rio previa a anexação ao continente da então belíssima Ilha do Pinheiro, que anos antes havia resistido ao aterro da Cidade Universitária. Daí o nome Vila do Pinheiro. As primeiras casas foram construídas de forma semelhante às da Vila do João.Kinder Ovo e Salsa e Merengue
Nos anos 90, a Prefeitura usou outro terreno da Vila do Pinheiro para abrigar temporariamente famílias removidas de áreas de risco da cidade. Os galpões - pequenos, coloridos e desconfortáveis - foram logo apelidados de Kinder Ovo, numa referência ao chocolate de embalagem colorida em moda na época. Hoje, a maioria dos moradores dos galpões foi definitivamente transferida para o conjunto Nova Sepetiba, na Zona Oeste.Meses após inaugurar os galpões da Kinder Ovo, a Prefeitura precisou construir novas unidades habitacionais para abrigar mais uma leva de famílias removidas de outros pontos da cidade. A nova comunidade, conhecida oficialmente como Novo Pinheiro, foi apelidada de Salsa e Merengue, em homenagem à novela da TV Globo escrita por Miguel Falabella, sucesso na época.Bento Ribeiro Dantas
As primeiras casas do conjunto Bento Ribeiro Dantas foram construídas no início de 1992. Apesar das recentes tentativas de se identificar o porquê do nome, não há consenso sobre a origem. A comunidade fica espremida entre outras favelas da Maré, algumas comandadas por traficantes de facções rivais. Por isso, o apelido Fogo Cruzado.
Praia de Ramos - antiga Maria Angu (Ramos)
A praia mais famosa do subúrbio carioca aparecia nos mapas antigos como Mariangú, que na linguagem indígena significa mangue. A região era território de criação de caranguejos que serviam de alimento para animais que viviam no entorno da Baía de Guanabara. O nome Maria Angú foi uma adaptação livre dos próprios moradores. Há ainda uma outra versão que fala sobre a existência de uma antiga moradora chamada Maria, conhecida na região por vender angu.O bairro de Ramos não figurava nos mapas cariocas até 1900. As primeiras casas da região surgiram nos arredores da antiga Estrada de Ferro do Norte, mais tarde rebatizada como Leopoldina. A estação foi construída dentro das terras do sítio do capitão Luís José da Fonseca Ramos, daí a origem do nome de um dos bairros mais populosos do Rio atualmente. Nos anos 30, o prefeito Henrique Dodsworth autorizou a realização de obras que deixariam o bairro de Ramos com a mesma estrutura de ruas e avenidas que tem hoje.
Serrinha (Madureira)
O nome Serrinha surgiu logo após a abolição da escravatura, em 1888, quando os negros libertos que trabalhavam nas fazendas de Madureira subiram a Serra da Misericórdia, até então desabitada e repleta de árvores, em busca de um local para morar. O barro usado na construção das casas acabou desgastando o morro, que passou a ser chamado por seus novos moradores de Serrinha. Até hoje ainda são encontrados grilhões dos tempos da escravatura espalhados pela comunidade. A escola de samba Império Serrano, de Silas de Oliveira, foi criada pelos moradores do morro em 1947, com o extinto nome de Prazer da Serrinha. Além do samba, a comunidade também é famosa pelo jongo. Mestre Darci, que morreu em 2001, foi seu maior expoente.
Vigário Geral
Toda a região onde hoje existe a favela de Vigário Geral era, até os anos 30, uma grande fazenda que, por sua vez, se dividia em pequenos povoados. O nome Vigário Geral é uma referência ao padre responsável por rezar missas em todas as paróquias. Ele ficou famoso entre os moradores, que passaram a se referir ao local como terras do "vigário geral".

Nenhum comentário:

Postar um comentário